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Câncer de mama 'aprende' a driblar os tratamentos mais modernos
15/04/2011 01:03
Pesquisador brasileiro ajudou a desvendar mecanismo de 'evolução' do tumor.
Exatamente aquilo que torna o câncer sensível ao remédio é o que causa a resistência.
Marília Juste Do G1, em São Paulo
Cientistas descobriram que um dos tipos de câncer de mama mais raros é capaz de “evoluir” para resistir até aos mais modernos medicamentos. O mecanismo pode se repetir em outros tipos de tumores de mama e até em outras partes do corpo. Conhecê-lo pode dar aos médicos uma arma de ação preventiva para evitar a resistência da doença aos medicamentos. A pesquisa contou com o trabalho do pesquisador brasileiro Jorge Reis-Filho, do Centro de Pesquisas de Ponta em Câncer de Mama, na Inglaterra.
O mecanismo está ligado a um tipo específico de câncer na mama, aquele causado por um defeito em um gene chamado BRCA2 – que impede as células de consertar danos no DNA. Esses danos, por sua vez, aumentam o risco da célula se tornar cancerosa. Esse tipo de tumor, em geral, é raro na população. Mas as chances de quem tem a falha genética desenvolver a doença são altas.
A equipe de Reis-Filho tem obtido grande sucesso recentemente ao usar tratamentos de ponta, como a droga quimioterápica carboplatina e o chamado “inibidor PARP”. A primeira fase de testes já foi completada e a segunda está em andamento.
Foi tentando descobrir se essa medicação poderia causar resistência, algo que só seria verificável em testes futuros, que o grupo encontrou o mecanismo, que apresenta nesta semana na revista “Nature”. “Estávamos tentando literalmente prever o futuro”, explicou Reis-Filho ao G1. “Tentando ver uma coisa que só aparecerá nos testes daqui a cinco anos. E conseguimos”, afirmou.